
Créditos: ESA
O Telescópio Espacial Hubble é um dos mais famosos e importantes observatórios astronômicos da história. Lançado em 1990, ele revolucionou nosso conhecimento sobre o universo, desde os planetas do Sistema Solar até as galáxias mais distantes. Mas o Hubble está envelhecendo e sua órbita está diminuindo devido ao arrasto atmosférico. Se nada for feito, ele pode reentrar na atmosfera da Terra em 2037, colocando um ponto final em seu legado científico e cultural.
É por isso que um consórcio privado formado pelas startups espaciais Momentus e Astroscale enviou uma proposta à NASA para prolongar a vida útil do Hubble e também limpar detritos orbitais na sua vizinhança. A proposta foi uma resposta a um pedido de informações da NASA em dezembro de 2022, que buscava ideias para colocar o Hubble em uma órbita superior “reforçada”. A SpaceX também apresentou uma proposta sem financiamento para usar sua nave Dragon para resgatar o Hubble, mas outras empresas também puderam participar.
A proposta do consórcio Astroscale-Momentus se baseia na experiência das duas empresas em tecnologias de reboque espacial e remoção de detritos. A Astroscale, fundada em 2013, é uma das líderes mundiais em serviços de limpeza espacial. Ela lançou sua primeira missão de demonstração, chamada ELSA-d, em março de 2021, para testar sua capacidade de capturar e desorbitar um pedaço simulado de lixo espacial. A missão teve alguns problemas técnicos, mas a empresa planeja outro teste em 2024.
A Momentus, fundada em 2017, desenvolveu um veículo espacial chamado Vigoride, que pode transportar pequenos satélites para diferentes órbitas usando um sistema de propulsão a água. O Vigoride já realizou vários voos de demonstração a bordo das missões de carona da SpaceX e tem contratos com vários clientes, incluindo a Força Espacial dos EUA. No entanto, a Momentus enfrenta dificuldades financeiras e regulatórias que podem comprometer seu futuro.

Créditos: NASA
A proposta do consórcio consiste em lançar um Vigoride em um foguete ainda não definido e usar a tecnologia da Astroscale para se aproximar e acoplar com o Hubble. Em seguida, o Vigoride aumentaria a órbita do Hubble em 50 quilômetros e passaria a uma nova tarefa de limpar detritos orbitais nas proximidades do telescópio. O objetivo é prolongar a vida útil do Hubble por mais 20 anos e também melhorar a segurança do ambiente espacial.
A proposta do consórcio ainda está em fase inicial e depende da aprovação da NASA. Além disso, há vários desafios técnicos e operacionais envolvidos em uma missão tão complexa e delicada. Por exemplo, é preciso garantir que o Vigoride possa se comunicar e se acoplar com o Hubble sem causar danos ou interferências ao telescópio. Também é preciso definir quais são os critérios e os alvos para a remoção de detritos orbitais.
Por outro lado, a proposta também traz vários benefícios potenciais para a ciência, a sociedade e a indústria espacial. Ao salvar o Hubble, o consórcio estaria preservando um patrimônio científico e cultural inestimável, que continua a produzir descobertas científicas importantes. Ao limpar o espaço, o consórcio estaria contribuindo para a sustentabilidade e a segurança das operações espaciais, que são cada vez mais essenciais para a economia e a sociedade. Além disso, a proposta também demonstraria as capacidades e a inovação das empresas privadas do setor espacial, que podem oferecer soluções de baixo custo e alto impacto para os desafios do espaço.

A foto foi tirada durante a Servicing Mission 2 em 1997.
Créditos: NASA
A NASA ainda está avaliando as propostas recebidas em resposta ao seu pedido de informações e não há nenhuma missão de resgate do Hubble aprovada. No entanto, os estudos realizados pelas empresas privadas podem ser úteis para futuros esforços de prolongar a vida útil de outros satélites por meio de operações de reabastecimento, aumento de órbita e outros serviços potencialmente econômicos.
O Hubble não é o único telescópio da NASA que está sendo estudado para resgate. A Northrop Grumman tem um estudo de viabilidade em andamento para uma missão de manutenção do Observatório de Raios-X Chandra. A Rhea Space Activity tem uma proposta para ressuscitar o Telescópio Espacial Spitzer. Ambas as empresas contam com parceiros renomados no meio acadêmico e industrial para seus projetos.
“Este estudo é um exemplo empolgante das abordagens inovadoras que a NASA está explorando por meio de parcerias público-privadas”, disse o então administrador associado do Science Mission Directorate da NASA, Thomas Zurbuchen, em um comunicado de dezembro de 2022. “À medida que nossa frota cresce, queremos explorar uma ampla gama de oportunidades para apoiar as missões científicas mais robustas e superlativas possíveis”.