
Créditos: NASA/JPL e Nicholas Schmerr.
Marte é um planeta fascinante que guarda muitos mistérios sobre a sua origem e evolução. Um desses mistérios é como é o seu núcleo, a camada mais interna do planeta. Agora, pela primeira vez, os cientistas conseguiram medir o tamanho e a composição do núcleo de Marte usando ondas sísmicas.
As ondas sísmicas são vibrações que se propagam pelo interior dos planetas quando ocorrem eventos como terremotos ou impactos de meteoritos. Ao estudar como essas ondas se comportam ao atravessar as diferentes camadas do planeta, os cientistas podem inferir informações sobre a estrutura e a natureza dessas camadas.
Para fazer isso em Marte, os cientistas usaram os dados do sismômetro da missão InSight, da NASA, que pousou em Marte em 2018. O sismômetro registrou mais de 700 tremores em Marte, mas apenas dois deles foram usados para estudar o núcleo. Esses dois tremores foram causados por falhas tectônicas na crosta marciana e ocorreram a cerca de 10.800 e 16.200 quilômetros de distância do local de pouso da InSight.

Créditos: NASA/JPL-Caltech
Os cientistas analisaram as ondas P desses tremores, que são ondas de pressão que viajam mais rápido do que as ondas S, que são ondas de cisalhamento. As ondas P podem atravessar tanto materiais sólidos quanto líquidos, mas mudam de velocidade e direção quando passam de um meio para outro. Ao observar essas mudanças, os cientistas puderam determinar que o núcleo de Marte tem um raio de cerca de 1.830 quilômetros e é provavelmente composto por uma mistura de ferro e níquel, com alguns elementos mais leves.

Camadas do planeta derretem. Os elementos mais pesados afundam para o centro (núcleo) e os mais leves flutuam para fora. As ondas sísmicas viajam de forma diferente através de diferentes camadas. O instrumento sísmico da sonda InSight foi capaz de “observar” essas ondas enquanto elas passavam pelo planeta Marte.
Créditos: NASA/JPL-Caltech.
O tamanho do núcleo de Marte é maior do que o esperado pelos modelos teóricos, o que sugere que o manto de Marte é mais fino e menos denso do que se pensava. Isso também implica que o núcleo de Marte pode ter uma temperatura mais alta e uma pressão mais baixa do que o previsto, o que pode explicar por que ele ainda não se solidificou completamente.
O estudo é um marco na exploração planetária, pois é a primeira vez que se obtém uma medida direta do núcleo de um planeta diferente da Terra. Isso nos ajuda a entender melhor como Marte se formou e evoluiu ao longo do tempo, e também nos dá pistas sobre a origem e diversidade dos planetas rochosos no universo.
Fonte: https://www.universetoday.com/161401/seismic-waves-help-map-the-core-of-mars-for-the-first-time/