Usando dados do satélite Gaia da ESA, os astrônomos brasileiros detectaram três novos aglomerados abertos na Via Láctea. Os aglomerados, designados UFMG 1, UFMG 2 e UFMG 3, foram encontrados no braço de Sagitário da galáxia. A descoberta é relatada em um artigo publicado em 27 de dezembro no servidor de pré-impressão arXiv.org.
Os aglomerados abertos, formados a partir da mesma nuvem molecular gigante, são grupos de estrelas gravitacionalmente fraccionadas entre si. Até agora, mais de 1.000 deles foram descobertos na Via Láctea, e os cientistas ainda estão à procura de mais, na esperança de encontrar uma variedade desses agrupamentos estelares. Expandir a lista de aglomerados abertos galácticos conhecidos pode ser crucial para melhorar a nossa compreensão da formação e evolução da nossa galáxia.
Agora, um grupo de astrônomos liderado por Filipe A. Ferreira, da Universidade Federal de Minas Gerais, em Belo Horizonte, Brasil, relata a identificação de um trio de novos aglomerados abertos no braço de Sagitário, no campo do aglomerado de idade intermediária NGC 5999. Ao analisar os dados do Gaia Data Release 2 (DR2) referente à região adjacente à NGC 5999, eles perceberam a existência de outros clusters ainda não relatados em estudos anteriores.
“Nós relatamos a descoberta fortuita de três novos aglomerados abertos, denominados UFMG 1, UFMG 2 e UFMG 3 no campo do aglomerado de idade intermediária NGC 5999, usando dados Gaia DR2”, diz o documento.
Os aglomerados recém-identificados estão localizados a cerca de 4.900 anos-luz da Terra e contêm pelo menos algumas centenas de estrelas de metalicidade quase solar. Os pesquisadores estimam que os aglomerados tenham idades entre 0,1 e 1,4 bilhão de anos.
De acordo com o jornal, a UFMG 1, a UFMG 2 e a UFMG 3 têm raios limitantes (o raio onde a densidade estelar atinge o nível do céu) de 20,5, 15,6 e 19,5 anos-luz, respectivamente. Para comparação, o NGC 5999 possui um raio de limitação de cerca de 15 anos-luz. O UFMG 1 e o UFMG 2 possuem um núcleo mais denso quando comparado ao UFMG 3, que exibe uma estrutura central mais esparsa.
Além disso, os astrônomos observaram que a UFMG 3 está localizada no céu próxima a outros dois aglomerados conhecidos: Majaess 166 e Teutsch 81. Eles acrescentaram que os dois objetos são provavelmente aglomerados distantes projetados na direção da UFMG 3.
A equipe de Minas Gerais também observa que todos os aglomerados abertos recém-identificados possuem sequências principais bem definidas e contêm pelo menos dois gigantes, facilitando o procedimento de adaptação da isócrona. No entanto, o UFMG 2 possui um aglomerado gigante vermelho desenvolvido e apresenta uma sequência principal mais ampla. Isso, de acordo com os pesquisadores, possivelmente indica reddening diferencial e / ou populações estelares com rotadores lentos (estrelas mais azuis) e rotadores rápidos (estrelas mais vermelhas), como é o caso do cluster aberto conhecido como “Wild Duck Cluster” (outra designação). Messier 11, ou M 11.
Fonte: https://phys.org/news/2019-01-clusters-milky.html#jCp